segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O risco da dependência de fontes renováveis

Uma característica essencial que uma fonte de energia tem de ter para poder estar na base do diagrama de cargas é a disponibilidade dado que armazenar energia eléctrica em grande escala é tecnica e/ou economicamente inviável. Como já tenho abordado as renováveis intermitentes não possuem essa característica e por isso não preenchem os requisitos para poderem ser fonte de energia de base. A ausência dessa característica também lhes retira competitividade económica apesar do slogan de que o vento e o sol são gratuitos.
A chuva também é de graça só que, tal como o sol e o vento, não se requisita quando é precisa. Só que a hídrica tem uma vantagem sobre todas as outras fontes de energia eléctrica. É tecnica e economicamente possível armazenar energia a partir de fonte hídrica, é para isso que servem as barragens. Essa enorme vantagem permite mitigar a intermitência da chuva e conferir a esta fonte a possibilidade de estar na base do diagrama de cargas. Contudo a capacidade de armazenamento das barragens não é ilimitado pelo que a fonte hídrica não deve ter uma parcela excessiva no mix produtor sob pena de haver incapacidade de satisfazer o consumo.

Recentemente, tivémos em Portugal um bom exemplo do limite da hidroeléctrica. Devido à pouca precipitação e vento no inverno 2011/2012 Portugal viu-se obrigado a importar mais energia eléctrica para satisfazer as necessidades. Em Portugal a fonte hídrica fornece cerca de 20% da energia eléctrica consumida. No Brasil onde essa fatia supera os 80% a escassez de chuva ganha contornos ainda mais importantes. 2012 foi um ano seco no Brasil e já se fala em racionamento no fornecimento de energia eléctrica durante esta época quente. O governo brasileiro diz que isso não vai acontecer, a consultora JP Morgan coloca essa probabilidade nos 10%. Os jornais discutem que só não acontecerá porque o abrandamento do crescimento económico verificado em 2012 está a aliviar a procura por energia eléctrica. Sinceramente, não sei se irá acontecer ou não, mas essa é uma possibilidade sempre presente num país que dependa excessivamente de água para produzir electricidade. Em 2001/2002 aconteceu mesmo.
A Nóruega com todos os seus fiordes é outro país que depende maioritariamente da água para produzir energia eléctrica mas este país escandinavo tem boas ligações eléctricas aos vizinhos, nomeadamente à Dinamarca, de onde importa energia eólica barata para repôr os níveis dos seus reservatórios. Um proveito muito interessante para os noruegueses e ruinoso para os dinamarqueses.

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