quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Nem França escapa a onda anti-nuclear

François Hollande
Noticia hoje o Expresso que uma sondagem realizada ontem em França dá uma larga vantagem a François Hollande sobre Nicolas Sarkozy na corrida presidencial. Esta sondagem vem na sequência da disputa interna do partido socialista francês do passado domingo. Nessas primárias Hollande venceu Martine Aubry para se tornar no candidato socialista às eleições de 2012. E que importância poderá ter a vida política interna de França para o Luz Ligada?

Enquanto Sarkozy sempre afirmou durante a crise de Fukushima o total compromisso com a energia nuclear quer Aubry quer Hollande têm menos entusiasmo por esta forma de produção energética. 

De acordo com o Wall Street Journal Aubry prometeu, caso fosse eleita, acabar com a energia nuclear em França. "We must prepare our country for a progressive exit from nuclear power," she said in a speech last month. "We must use the excellence of our nuclear industry to…dismantle nuclear plants." Se fazer afirmações destas num país com 30% de contributo nuclear como a Alemanha é irresponsável dize-lo em França, que depende em 75%, é idiota. Depois de, em 20 anos, França se ter praticamente livrado da necessidade de recorrer a combustíveis fósseis para produzir energia eléctrica ia agora voltar atrás? Como é que ia mitigar a perda da sua indústria nuclear nacional que é uma das líderes mundiais? E que diferentes argumentos ambientais é que Aubry iria usar para acabar com o nuclear e voltar atrás na proibição de hydraulic fracking no país para explorar reservas de gás xistoso? Ou Aubry viveria bem com a dependência de gás natural russo e magrebino para produzir electricidade francesa?

Hollande foi mais moderado nos seus objectivos mas mesmo assim afirmou pretender que, até 2025, o contributo nuclear para o mix francês desça dos 75% para os 50%. Mesmo que França deixasse de exportar energia eléctrica 25% do consumo francês equivale a mais do dobro do português o que dá ideia da enormidade da afirmação de Hollande.

Se é convicção dos dois socialistas ou se foi uma mera posição circunstancial eleitoralista não sei mas não deixa de ser preocupante que a recente onda hipócrita anti-nuclear que varreu a Europa tenha chegado à alta política do país que é o símbolo das virtudes da energia nuclear civil. Recorro ao artigo do WSJ mais duas vezes:
"It's dramatic for France," said Christian Pierret, a Socialist Party member and former energy minister. "To win a few votes, we risk damaging the image of an industrial sector that we dominate."
"One has no right to play up medieval fears to put into question the choices which have made our country great," Mr. Sarkozy said when he visited a nuclear plant in May.

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