quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Discriminação positiva dos carros eléctricos

Posto Mobi.E do Pavilhão Atlântico
Como defendi aqui, por questões ambientais, a erradicação do carvão como fonte de energia eléctrica, ao invés da promoção das energias renováveis, devia ser o principal objectivo do sector eléctrico mundial. Esse objectivo seria conseguido se se taxasse as emissões das centrais termoeléctricas a ponto de estas não se tornarem competitivas. Mas isso não acontece. Nem mesmo o pioneiro European Trading Scheme (ETS) por mais voluntarioso que seja vai conseguir. O ETS não só vive de estimativas de emissão de gases como permite o comércio de créditos de carbono. A geração eléctrica a carvão pode-se permitir adquirir direitos para poluir e mesmo assim fornecer electricidade a preço concorrencial. As centrais a carvão deviam pagar taxas proporcionais aos custos ambientais que provocam sem hipóteses de aquisição de mais crédito poluidor. Nem possibilidade de investirem em compensações internacionais. Caso contrário a, natural e correcta, lógica económica vai continuar a garantir às centrais termoeléctricas a carvão uma parte importante da geração de electricidade de base do planeta.

Portugal é só mais um caso desta exemplar manipulação de competitividade económica das várias fontes de energia eléctrica para impor as turbinas eólicas e os painéis solares à custa de tarifas feed-in. Como não há perspectivas de o carvão e o gás natural atingirem preços que desaconselhem o seu uso continuaremos a depender de combustíveis fósseis para a geração eléctrica de base durante mais anos.

O sector dos transportes está a passar pelo mesmo fenómeno desvirtuador. Embora os veículos de combustão interna sejam taxados de acordo com a sua emissão de gases e a gasolina e o gasóleo também sejam alvo de impostos muito elevados, ainda assim não é suficiente para criar alternativa. O facto é que o uso de veículos de combustão interna ainda é a forma mais económica de transporte individual. Esta evidência só se alterará de forma saudável com o aparecimento de novas e radicais tecnologias em simultâneo com o agravamento da carga fiscal sobre a utilização de carro de combustão interna.

Só que os países que subverteram o sector eléctrico com as tarifas feed-in não podem esperar por novas e radicais soluções uma vez que é preciso dar vazão ao excesso de produção eólica que já têm neste momento. Para acelerar este processo decidiram também desvirtuar o sector automóvel dando elevados incentivos à aquisição e utilização de carros eléctricos. Os carros eléctricos não são novidade, já existem há mais de 100 anos, e praticamente desapareceram com o surgimento dos carros de combustão interna. Vários países, entre os quais Portugal, querem modificar esta evidência e criaram um massivo pacote de ajuda à utilização de carros eléctricos. Está em marcha outro elefante branco que ainda não tem expressão porque a gritante diferença de competitividade entre carros convencionais e eléctricos não convence mais do que uns pouco utilizadores.

Esta discriminação entre diferentes tipos de motores atinge situações de verdadeiro racismo automóvel. Os postos de carregamento urbanos são um bom exemplo. Os donos dos eléctricos têm à sua disposição pontos de carregamento em locais privilegiados que não deviam servir para reabastecimento automóvel de nenhum tipo. Zonas com escassez de estacionamento e/ou existência de parquímetros. Os utilizadores de carros convencionais têm de pagar pelo privilégio desse espaço e só o podem fazer por tempo limitado. Ao invés, os donos dos eléctricos não pagam por lugares bem situados enquanto fazem demorados carregamentos. Que os carros convencionais sejam penalizados com impostos ambientais e combustíveis bastante taxados concordo. Que os carros eléctricos sejam subsidiados com dinheiro público e ainda por cima tenham lugares de estacionamento gratuitos e reservados é um ultraje. 

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