terça-feira, 30 de agosto de 2011

A demagogia eólica


Custo produção electricidade chinesa por fonte
 Um leitor deixou-me o link para esta notícia em resposta a este meu post sobre a radioactividade libertada em Fukushima.

A notícia é um exemplo clássico da demagogia em redor da indústria eólica. Anuncia o título que a China atingiu em 2010 os 44.733 MW de potência eólica instalada. O corpo da notícia reforça afirmando que a China se tornou no primeiro produtor mundial de electricidade a partir do vento. A notícia não acrescenta é que a China está a ultrapassar os EUA como maior produtor mundial de electricidade independentemente da fonte. Ou que o vento não vale nem 1% da produção eléctrica do país mais populoso do mundo.

Previsivelmente, os dados sobre a produção eólica ficam-se pela potência instalada, pois é a única estatística em que a eólica fica bem na figura. A comparação com uma central nuclear francesa é caricata. A mais potente central nuclear francesa não tem apenas 540 MW como afirma o artigo. A título de exemplo, Civaux tem dois reactores com uma potência combinada de 3.122 MW que produzem anualmente 21.458 GWh. Se o parque eólico chinês de 44.733 MW estiver na média mundial da indústria (factor de capacidade de 25%) produz anualmente 97.965 GWh. Ou seja, apesar de a potência instalada ser 14 vezes superior a produção eléctrica é apenas o quadruplo.

A notícia não menciona que 90% do parque eólico chinês se candidatou a ser financiado externamente através do Clean Development Mechanism (CDM). Financiamento que serve o propósito de permitir aos países desenvolvidos ocidentais continuarem a poluir, nomeadamente em centrais termoeléctricas. A notícia não desenvolve que quando os países mais ricos do mundo começaram a por travão a essa colossal transferência de dinheiro o entusiasmo chinês pelas energias renováveis esmoreceu. É compreensível, sem o investimento externo nas renováveis a China fica face à evidência que a produção eólica e solar não é competitiva. A China, ao contrário de alguns países europeus, não embarca no sonho utópico da sustentabilidade energética através de fontes renováveis.

Vou analisar brevemente o sector eléctrico chinês como já fiz para o dinamarquês, australiano e ibérico.

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